quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

RESENHA: Amor Pleno




“Não há o que errar. Você pode ser o que quiser.”, a frase é dita em um momento muito oportuno do mais recente filme de Terrence Malick, Amor Pleno (To The Wonder). Ao contrário da experiência surrealista de A Árvore da Vida, o longa estrelado por Ben Affleck e Olga Kurylenko vai além do imaginário. Centrado em um conteúdo realista, a produção desconstrói as relações humanas e os sentimentos mais profundos e desejosos pelo homem: amor, liberdade, fé.
Conduzido através de pequenos monólogos, a trama acompanha duas histórias paralelas, sempre com foco na relação dos personagens de Affleck e Kurylenko. A trilha sonora é um combustível crucial no longa-metragem, e retrata os mais variados sentimentos com leveza, sutileza e algumas vezes, angústia. Nada muito diferente das reflexões que vivemos diariamente. Isto porque, torna-se fácil identificar-se com o teor das escolhas realizadas ao longo dos 112 minutos apresentados.
    Relações humanas podem ser vindouras ou destrutivas, dependendo das escolhas realizadas. Ainda assim, a principal emoção extenuada no roteiro de Malick é a pura e simples carga de expectativas que depositamos no outro alguém. Característica incomum no cinema atual, fugindo do estabelecido em diálogos, lágrimas em excesso e gritos de histeria. Não. Não é preciso isso em Amor Pleno. O cineasta também imprimiu elementos autobiográficos na produção, já que morou em Paris na década de 80, onde se envolveu romanticamente, mas acabou retornando aos EUA e casando-se com uma antiga colega do colegial. O desejo de entender os sentimentos passados tornaram possível esta experiência cinematográfica ímpar.
    Entender o amor. Nunca foi fácil ou tampouco será desvendado com facilidade. Os maiores poetas da humanidade buscaram as mais variadas estrofes que lhes permitissem exemplificar em páginas o sentimento mais conhecido e ao mesmo tempo tão distante do mundo atual, mas há de reconhecer em cenas disformes, closes distantes e cortes rápidos, que não necessariamente as palavras conduzem o amor. Imagens podem, e devem ser usadas como forma de diálogo. Não por acaso, Terrence Malick carrega uma curta filmografia, mas resultante de um trabalho intenso por amor a sétima arte e a vida.

Amor Pleno é uma incessante busca ao palpável. No alcance das mãos ou dos lábios, vislumbrando o horizonte, tudo é possível. Todos somos possíveis. Escolha.

Resenha originalmente publicada no site "Mirando no Cinema" .






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