“Não
há o que errar. Você pode ser o que quiser.”, a frase é dita em um momento
muito oportuno do mais recente filme de Terrence
Malick, Amor
Pleno (To
The Wonder). Ao contrário da experiência surrealista de A Árvore da Vida,
o longa estrelado por Ben
Affleck e Olga
Kurylenko vai além do imaginário. Centrado em um conteúdo
realista, a produção desconstrói as relações humanas e os sentimentos mais
profundos e desejosos pelo homem: amor, liberdade, fé.
Conduzido
através de pequenos monólogos, a trama acompanha duas histórias paralelas,
sempre com foco na relação dos personagens de Affleck e Kurylenko. A trilha
sonora é um combustível crucial no longa-metragem, e retrata os mais variados
sentimentos com leveza, sutileza e algumas vezes, angústia. Nada muito
diferente das reflexões que vivemos diariamente. Isto porque, torna-se fácil
identificar-se com o teor das escolhas realizadas ao longo dos 112 minutos
apresentados.
Relações humanas
podem ser vindouras ou destrutivas, dependendo das escolhas realizadas. Ainda
assim, a principal emoção extenuada no roteiro de Malick é a pura e simples
carga de expectativas que depositamos no outro alguém. Característica incomum
no cinema atual, fugindo do estabelecido em diálogos, lágrimas em excesso e
gritos de histeria. Não. Não é preciso isso em Amor Pleno. O cineasta
também imprimiu elementos autobiográficos na produção, já que morou em Paris na
década de 80, onde se envolveu romanticamente, mas acabou retornando aos EUA e
casando-se com uma antiga colega do colegial. O desejo de entender os
sentimentos passados tornaram possível esta experiência cinematográfica ímpar.
Entender o amor.
Nunca foi fácil ou tampouco será desvendado com facilidade. Os maiores poetas
da humanidade buscaram as mais variadas estrofes que lhes permitissem
exemplificar em páginas o sentimento mais conhecido e ao mesmo tempo tão
distante do mundo atual, mas há de reconhecer em cenas disformes, closes
distantes e cortes rápidos, que não necessariamente as palavras conduzem o
amor. Imagens podem, e devem ser usadas como forma de diálogo. Não por acaso,
Terrence Malick carrega uma curta filmografia, mas resultante de um trabalho
intenso por amor a sétima arte e a vida.
Amor Pleno é uma incessante busca ao
palpável. No alcance das mãos ou dos lábios, vislumbrando o horizonte, tudo é
possível. Todos somos possíveis. Escolha.
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