Direção: F.W.Murnau
Gênero: Terror
Duração: 85 min.(com
variações de edição)
Ano: 1922
Primeiro filme sobre vampiros
permanece clássico e inesquecível
Embora Bram Stoker não tenha sido o precursor do vampirismo
na literatura, é inegável que foi o seu famoso romance “Drácula” que
universalizou, por assim dizer, a figura popular do vampiro, que seria mais
tarde abordada incansavelmente, não apenas no papel, mas nas telas também.
Coube ao cineasta alemão F. W. Murnau a primeira adaptação da obra de Stoker no
longínquo ano de 1922; adaptação essa que é considerada icônica e a melhor de
todos os tempos, não necessariamente no quesito fidelidade à obra (até porque
os direitos autorais não cedidos impediram um aproveitamento maior da
história), mas em relação à própria abordagem do vampirismo no cinema.
Utilizando-se com inteligência e
perícia dos poucos recursos disponíveis para seu tempo, Murnau conseguiu a
façanha ímpar de criar todo um universo sombrio, que equilibra tons de sombra e
luz bem ao estilo expressionista, em voga na época. De fato, o clima gótico da
obra de Stoker é referenciado constantemente nesse jogo de claro/escuro que
alterna momentos de tensão e melancolia com maestria, se levarmos em conta o
fato de que esta é ainda uma produção em preto e branco, bastante “tosca” para
os padrões cinematográficos evoluídos de hoje em dia. Ainda assim, tamanho é o
poder de “Nosferatu” que é impossível ficar indiferente às imagens e cenas construídas
na justaposição da luz como, por exemplo, no momento em que a sombra ameaçadora
do vampiro, esgueirando-se pela parede, aproxima-se da mulher cujo sangue ele
precisa provar.
A representação do vampiro encarnado
por Max Schrek é, com certeza, uma das mais célebres e assustadoras já vistas:
careca, curvado, com dentes pontiagudos e projetados para fora da boca, unhas
compridas e sobrancelhas espessas; visualmente repulsivo, Schrek adiciona à sua
imagem uma interpretação inspirada, onde suas expressões faciais, oscilando
entre a malignidade e a tristeza, conferem ao personagem a essência do Drácula
do livro. Essas variações na expressividade dos personagens são de fundamental
importância no desenrolar do filme, uma vez que não há diálogos – é um filme
mudo. Assim, como nas obras de Chaplin, é a linguagem gestual/facial que
determina a intensidade de sentimentos, sensações e anseios dos personagens,
aqui convenientemente transmitidos e captados por Murnau.
Por fim, há que se destacar a excelente
e tétrica trilha sonora de Hans Erdmann, que preenche a projeção com seus tons
sombrios, sempre deixando subentendido que algo está prestes a acontecer,
mantendo o espectador em crescente – mas, receosa – expectativa. A música do
filme justifica com perfeição o subtítulo de “Eyne Symphonie des Grauens”; de fato,
é uma sinfonia de horror magistral.
Conceito: Excelente
Nota: 10,0