Gênero: Ficção
científica/Ação
Duração: 136 min.
Ano: 1999
“Desvende uma nova realidade através de Matrix.”
(Richard Corliss, “TIME”)
Um filme insuperável, mesmo por suas sequências,
assim pode ser definido “Matrix”, um projeto que entrou para a história do
cinema como um dos mais eletrizantes e inventivos filmes de ficção científica
de todos os tempos. A direção equilibrada dos irmãos Wachowski conduz o filme
com uma fluência que envolve o espectador cada vez mais numa trama em que cenas
de ação são impecavelmente bem elaboradas, costuradas a diálogos altamente
filosóficos.
Sobre as cenas de ação, copiadas infinitas vezes
por outros filmes posteriores a este (como “Resident Evil”), são bastante
inovadoras para a época; artes marciais coreografadas com perfeição, aliadas a
novos efeitos especiais (vencedores do Oscar, nesse quesito), em que os
personagens literalmente voam na tela, por vezes em movimentos estroboscópicos,
desviando-se de golpes e balas; personagens que correm por paredes no sentido
vertical, golpes filmados em vários ângulos simultaneamente, mostrados em
câmera lenta e, como não poderia deixar de ser, verdadeiras tempestades de tiros,
vidros estilhaçados e companhia...
A história de “Matrix” gira em torno de Neo (Keanu
Reeves, péssimo ator sempre, mas que aqui se sai bem por não ter de explorar
seu lado dramático precário), um hacker que se envolve numa intrincada trama
onde a realidade e a ilusão, em seus sentidos literais, são confrontadas de uma
forma alucinante: Neo descobre que toda a humanidade vive dentro da Matrix, que
seria uma espécie de programa de computador extremamente complexo e avançado, forjado
por máquinas inteligentes que pretendem usar as pessoas como fonte de energia.
Naturalmente, algumas pessoas conseguem viver “desconectadas” da Matrix e
tentam salvar o restante da humanidade dessa escravidão digital, o que não é
tarefa simples, uma vez que as máquinas têm programas específicos para sua
proteção e manipulação dos seres humanos. Os principais deles são as sentinelas
e os agentes, estes últimos absolutamente letais e que têm a função de manter a
Matrix intacta, sem a intromissão dos humanos em seus “propósitos”.
As cenas de ação articulam-se basicamente nas lutas
entre Neo, seus novos amigos, Morpheu (Laurence Fishburne) e Trinity (Carrie
Anne Moss), que o ajudam a se desconectar da Matrix, e os agentes, que os
perseguem durante toda a película. Entretanto, tais cenas não servem, aqui,
para tornar o filme apelativo ou apoiado apenas nisso; a direção considerou –
acertadamente – melhor contextualizar as lutas e demais cenas de ação à trama,
tornando-as necessárias, não simples apêndices para contar na duração do longa.
Outro enorme destaque do filme são os
diálogos entre Neo, Morpheu e o agente Smith (Hugo Weaving), ao discursar sobre
vida, existência, realidade, sonho, ilusão, morte, tempo e espaço. Tais
momentos, longe de tornarem o filme arrastado, dão ao mesmo nova perspectiva e
novo ar a um gênero de cinema já tão desgastado. Sobretudo, a mentalidade do
agente Smith, ao se referir à humanidade como “o câncer” do planeta, faz-nos
pensar sobre as dimensões desse ponto de vista e até mesmo sobre a dependência dos seres humanos às máquinas,
algo sempre contemporâneo.
Infelizmente, o que desgasta “Matrix” são suas sequências: “Reloaded” e “Revolutions”, que mastigam pouco roteiro e exageram nas cenas de ação, ignorando quase que inteiramente a filosofia do filme original. Pior que isso: o último filme da trilogia, “Revolutions”, é uma das piores conclusões cinematográficas de todos os tempos.
Infelizmente, o que desgasta “Matrix” são suas sequências: “Reloaded” e “Revolutions”, que mastigam pouco roteiro e exageram nas cenas de ação, ignorando quase que inteiramente a filosofia do filme original. Pior que isso: o último filme da trilogia, “Revolutions”, é uma das piores conclusões cinematográficas de todos os tempos.
Conceito: Excelente
Nota: 10,0